terça-feira, 8 de abril de 2014

Crítica - Rio 2

Quando o filme original estreiou em março de 2011 já era certo que a animação do estúdio Blue Sky e dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha, seria um grande cartão de visitas para a cidade do Rio de Janeiro, que naquela época já havia sido anunciada para a cidade sede da final da Copa do Mundo e das Olímpiadas de 2016, logo "Rio" (Rio, EUA 2011) cumpre em todos os aspectos o seu papel ao apresentar a ararinha azul Blu em sua jornada por vários pontos turísticos da cidade para reencontrar a sua dona, isso não sem antes de apaixonar pela a ararinha Jade, a última da sua espécie.

Após três anos chega as salas de cinema de todo o Brasil (antes da estréia em terras americanas) a continuação da animação e desta vez "Rio 2" (Rio 2, EUA 2014) servirá agora para ser o cartão de visitas animado do Brasil. Como não haviam mais muitas histórias para contar usando a cidade do Rio  como cenário, a solução encontrada pelo diretor Carlos Saldanha foi deslocar a ação para a Floresta Amazônica e com isso tornar o filme, digamos assim, mais globalizado.

O filme começa alguns anos depois de onde o primeiro filme parou e Blu, Jade e seus filhotes, assim como os seus amigos alados estão comemorando o Reveillon Carioca, e a sequência de abertura da animação novamente impressiona e mostra mais uma grande festa brasileira como a mesma merece ser apresentada no cinema. Após a excelente cena de abertura fica sensação que "Rio 2" será melhor que o seu antecessor, porém essa certeza irá se dissipar a medida de Blu e sua família resolvem viajar para a Amazônia, quando descobrem que Túlio (novamente dublado por Rodrigo Santoro) e Linda localizaram novas ararinhas azuis em pleno coração da Amazônia e eles, assim como seus filhotes não são os últimos da espécie como acreditavam ser.

A viagem de Blu e companhia para a Amazônia irá passar antes por alguns cartões postais do Brasil, como a cidade de Ouro Preto, Brasília, Salvador e Manaus. E ao chegar no seu destino Blu e seus amigos irão ser visto por Nigel, o pássaro que perseguiu Blu e seus amigos na cidade do Rio de Janeiro. Neste momento entram as melhores adições que Saldanha faz no longa, a rã rosa e tóxica Gabi e o tamanduá Carlitos, que serão desta vez os capangas de Nigel na sua busca em se vingar de Blu e seus amigos.

Porém paisagens coloridas e deslumbrantes em 3D, não garantem a esta sequência um roteiro a altura dos já desenvolvidos pelo Blue Sky em outra franquia de sucesso como "A Era do Gelo". E este é exatamente o maior problema do filme, é percebido a todo tempo que existe uma certa urgência em resolver as situações propostas pelo roteiro. Em meio a isso tudo o roteiro ainda acha uma brecha para passar uma mensagem ecologicamente correta contra o desmatamento.

É verdade que existem mais momentos cômicos neste segundo longa, do que no primeiro. As homenagens chegam até ao cinema mudo de Charles Chaplin e seu eterno vagabundo, pois o tamanduá Carlitos em seus trejeitos e por não falar uma só palavra ao longo de todo o filme nada mais é que a homenagem de Saldanha a este grande mestre do cinema. E as referências se estendem até a Copa do Mundo quando lá pelas tantas surge um jogo de futebol entre as araras azuis e vermelhas e isso tudo embalado nos 101 minutos de filmes.

"Rio 2" poderia ter funcionado melhor não fosse o seu roteiro com inúmeras subtramas e a urgência de resolver as coisas com uma certa pressa. Ao final da projeção o filme cumpre o seu papel de ser um cartão de visita do Brasil para o mundo, porém Blu e seus amigos mereciam um roteiro melhor. 

 

quinta-feira, 27 de março de 2014

Crítica - 300: A Ascensão do Império

Depois do sucesso de "300" (300, EUA 2005) era inevitável que uma continuação mais cedo ou mais tarde estivesse a caminho das telas, porém passados nove anos entre o filme original e a sua "sequência" parece que nada mudou neste período e "300: A Ascensão do Império" (300: Rise of an Empire, EUA 2014) é somente um mais do mesmo que desloca a ação para uma batalha que se desenrola praticamente ao mesmo tempo dos eventos narrados no filme de 2005.

O filme parte exatamente de onde o anterior parou, com a derrota dos 300 espartanos de Leônidas nos Portais de Fogo e a marcha dos Persas em direção a Atenas. A partir dai o filme volta no tempo e irá apresentar ao público a origem de Xerxes e a tentativa do general e estrategista grego Themistocles (Sulivan Stapleton) em unir a Grécia para então com está aliança enfrentar o exército Persa.

Manter a estética que tornou o primeiro filme um sucesso, não garante o sucesso deste segundo filme da franquia, que somente desloca as batalhas da terra para o mar, além de apresentar uma nova personagem a general persa Artemísia (Eva Green), que sem sombra de dúvida é a única adição que funciona no filme, pois todo o resto não sustenta o filme, a impressão que fica é que este filme é um reboot do primeiro com uma mudança de cenário e mais nada.

Os roteiristas nem precisaram se esforçar muito para escrever esse segundo filme, pois a todo momento as mesmas frases de efeito moral serão repetidas por Themistocles para incentivar os seus homens antes das batalhas contra os persas e lógico que por estarem em menor número já é sabido pelo público que algum momento os gregos irão perder uma batalha.
 
Somente nos 20 minutos finais é que o filme realmente "começa", porém os 103 minutos de projeção podiam ser bastante resumidos, ou seja, nada que um bom flashback bem editado no início da projeção não resolvesse a questão e o filme tomasse um rumo diferente já mostrando a aliança dos povos da Grécia contra os Persas.

Alguns personagens que estavam no primeiro longa retornam com papéis menores nesta sequência, como é o caso da Rainha Gorgo (Lena Olin) e Dilios (David Wenham), que tiveram uma participação maior no primeiro filme e neste segundo são relegados a breves cenas ao longo do filme, antes da batalha que encerrará este capítulo, e porque não preparar o público para um terceiro filme da série, que pode ocorrer ou não.
 
Os efeitos especiais não mostraram praticamente nenhuma evolução entre um filme e outro, pois a mesma estética é utilizada neste segundo capítulo, além disso a adição do 3D poderia ter sido melhor aproveitada e causar um maior impacto no público, porém a tecnologia foi relegada ao segundo plano e acaba que tanto faz assistir ao filme em 2D ou 3D, pois o público não estará perdendo nada.
 
Ao final "300: A Ascenção do Império" não passa de um mero filme caça níquel que se sustenta somente com o sucesso do primeiro longa e nada mais. Só com o passar dos anos é que poderemos dizer se este filme se fez necessário somente para servir como uma ponte entre o primeiro filme e um provável terceiro capítulo que se for feito deve ser melhor elaborado para ao menos fechar a série com chave de ouro.